Introdução
A
maior das cartas é dirigida a menor das igrejas. E a cidade de Tiatira não era
uma cidade tão importante quanto as demais, não era um centro político nem
religioso, tinha apenas um pouco de destaque no comércio.
Havia
grêmios (grupos de comerciantes de lã, de couro, de linho, de bronze, de tintureiros,
de alfaiates, de vendedores de púrpura, etc) que se reuniam com frequência. Era
importante para os comerciantes fazer parte desses grêmios, ajudava nos
negócios, na verdade, era essencial. Nessas reuniões havia sacrifícios aos
ídolos e normalmente terminavam em orgias.
Essa
carta nos mostra os perigos em ser cristão em um ambiente hostil e que não é
possível servir a dois senhores (Mt.6:24; Tg.4:4). Infelizmente a igreja de
Tiatira estava fazendo justamente isso, por ser demasiada tolerante com o
pecado, tentavam agradar à sociedade e assim se contaminavam. Era como se
estivessem tentando servir a dois senhores.
I - UMA IGREJA DINÃMICA, V.18-19.
V.
18 Mais uma vez a carta inicia com a apresentação de seu autor. Quem lhes
escreve é o Filho de Deus. Essa ênfase no óbvio se faz necessária porque a
carta é enviada a uma igreja que se encontra inserida em uma sociedade onde
César e Apolo são tidos como divindades.
Ele
apresenta-se como aquele que sonda e conhece todas as coisas, tem os “olhos como chama de fogo” (1:14), nada
lhe é oculto. Além disso, diz que tem “pés
semelhantes ao bronze polido” (1:15), ou seja, indica com isso que sua
presença será percebida, pois ele julga a todos.
Depois
de apresentar-se o Senhor falar-lhes o que está lhe agradando naquela igreja
v.19
– Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua
perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras. Aqui
o Senhor revela que aquela era uma igreja dinâmica. Trabalhava bastante. Seria
hoje uma igreja com agenda bem cheia. Também o amor era notório, e isso era
algo muito positivo. Confiava no Senhor, a fé era genuína. Era perseverante em
meio às provações. Tudo isso estava bem, contudo, ainda não era o suficiente.
Em meio a todas essas coisas positivas havia algo que estava maculando sua
santidade.
II – UMA IGREJA TOLERANTE AO PECADO, V.
20.
Percebam
que antes de o Senhor repreender a Jezabel repreende a igreja por ser tolerante
com aquela mulher. Quando os falsos ensinos estão no contexto da igreja aqueles
que ouvem a aceitam são tão culpados quando os que ensinam heresias.
Jezabel
faz lembrar aquela do A. T. de mesmo nome. A Jezabel do A. T. ensinou a
idolatria ao povo, introduziu o culto pagão a Baal, perseguiu os profetas do SENHOR
matando-os.
A
Jezabel de Tiatira ensinava e induzia o povo ao erro. Pregava uma liberdade
enganosa quanto ao pecado, uma tolerância não bíblica. Ensinava uma liberdade
que era uma escravidão. Possivelmente dizia aos crentes comerciantes que não
havia problemas de eles participarem daqueles grupos de comerciantes que
sacrificavam aos ídolos e viviam na libertinagem sexual, afinal ela entendia
que isso era necessário para poder se manter naquela sociedade. Transigir
com o pecado nunca é a saída diante de uma situação de dificuldade.
Havia
então nos ensinos daquela mulher uma falsa
doutrina e uma falsa moralidade.
a) A falsa doutrina. Além
de defender que não poderiam cometer um suicídio comercial deixando de
participar daquelas festas, também dizia ela que era necessário conhecer as
coisas profundas de Satanás (v. 24). Com isto ela queria dizer que só é
possível de fato vencer o pecado se de algum modo mais profundo você
conhecê-lo, ou seja, é necessário passar pela experiência da fornicação para
saber o que de fato é isso e então poder vencer. Segundo Jezabel era necessário
adulterar para poder vencer o adultério. Mas a Palavra de Deus nos diz totalmente
o contrário, ora se nós já morremos para o pecado, como pois iremos admitir que
vivamos sua prática? Como diz Paulo "na malícia...
sede crianças (1 Co 14:20);
"devemos ser símplices para o mal"
(Rm 16:19), ou seja, esse tipo de conhecimento prático não podemos jamais
admitir.
b) A falsa moralidade. Jezabel
está a ensinar uma moralidade liberal, ou seja, sem regras, sem legalismos, sem
proibições.
III – UMA IGREJA CONFRONTADA POR JESUS,
V. 21.
Veja
o Senhor em sua longanimidade. Ela teve tempo para que se arrependesse de seu
pecado. O prazer do Senhor está não no exercício do juízo, mas em acolher quem
se arrepende a vai aos seus braços.
Cada
dia que o senhor não nos trata consoante os nossos pecados é tempo de graça
para nós, que possamos aproveitar longanimidade e cair aos seus
pés em arrependimento.
IV – UMA IGREJA QUE VERIA O JUÍZO DO
SENHOR, V. 22-23.
Os
atos de justiça do Senhor Jesus foi profetizado àqueles que comungavam com o
pecado de Jezabel e que assim como ela não se arrependeram. Com sua atitude
eles estavam a zombar da paciência de Cristo, mas o Senhor não se deixa
escarnecer. Eles receberiam o salário
devido pelo seu pecado. O pecado
inicialmente pode parecer atraente, mas o resultado é destruição. É como a
oferta de estelionatário, que enaltece as supostas vantagens buscando seduzir
sua vítima, mas no final a pessoa ver a realidade de sua condição.
VII – UMA IGREJA ENCORAJADA A PERMANECER
FIEL ATÉ O FIM, V. 24-25.
Embora
alguns tenham sido seduzidos pela influência de Jezabel, havia aqueles que
permaneceram vivendo em santidade. É possível mesmo em meio a grande corrupção
permanecer fiel. O Senhor diz que não colocaria outra carga sobre eles, apenas
deveriam permanecer fiéis. Que eles continuassem levando o julgo de Cristo
aguardando o Senhor.
O
grande propósito do diabo é arruinar a igreja, afastá-la da fidelidade ao
Senhor. Ele poderá usar de muitas estratégias para isso; naquele contexto a
perseguição era uma dessas estratégias, a heresia também, assim como a
influência do pecado.
Aqui
no Brasil não somos uma igreja perseguida, mas somos uma igreja que está
sangrando por conta das heresias e porque está permitindo que coisas mundanas
lhe influencie. Que apesar desse contexto negativo possamos permanecer fiéis!
VIII – UMA IGREJA COM PROMESSA DE
RECOMPENSA, V. 26-28.
O
vencedor é todo aquele que guarda as obras de Jesus, são os verdadeiros salvos.
Aqueles que desistem o fazem na verdade porque nunca foram salvos, são como
Judas, vivem um grande privilégio de estar entre os salvos, presenciar o agir
de Deus no meio de sua igreja, mas não possui a vida em si, pois nunca foram
regenerados.
Essa
“autoridade sobre as nações” faz lembrar que Jesus
recebeu depois de sua obra expiatória toda a autoridade (Mt 28.18), e ao nos
ordenar anunciar o evangelho ele está nos enviando a conquistar as nações pela
pregação das Boas Novas, que é salvação para os eleitos, mas perdição para os
ímpios (Sl.2:8,9). Também aqui está imbuído do sentido que quando o Senhor
voltar, aqueles que foram desprezados por amor a Cristo, com ele estarão em
glória.
A
“estrela da manhã” é o próprio Cristo. Ele é a
nossa herança, o nosso deleite, o nosso prazer para sempre, muito mais
excelente do que qualquer banquete deste mundo.
Conclusão
V.
29. Essa carta não foi apenas para Tiatira, mas para nós também. Que jamais
sejamos como igreja e individualmente transigentes com o pecado!
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